O Brasil iniciou, em outubro de 2025, a Campanha-D Multivacinação Nacional, uma das maiores mobilizações de saúde pública da década. O objetivo é claro e urgente: resgatar milhões de crianças e adolescentes com vacinas atrasadas e evitar o retorno de doenças já controladas, como poliomielite, sarampo e rubéola.

A campanha, liderada pelo Ministério da Saúde em parceria com estados e municípios, tem foco especial em crianças de 0 a 5 anos e adolescentes de até 15 anos. Mais do que uma ação de rotina, ela é uma resposta à queda histórica nas coberturas vacinais observada em todo o país nos últimos anos.


Por que a Campanha-D é decisiva para 2025

Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Brasil registrou, entre 2016 e 2024, uma redução de mais de 20% nas coberturas de vacinas essenciais. Essa queda abriu espaço para surtos localizados de sarampo e o risco real de reintrodução da poliomielite, erradicada desde 1989.

A Campanha-D — o “D” de determinação, defesa e dever coletivo — surge como um esforço coordenado entre governo federal, estados e municípios. Além de atualizar cadernetas, o programa busca restaurar a confiança da população nas vacinas e reacender o espírito das grandes campanhas nacionais que marcaram a saúde pública brasileira.

“A multivacinação é mais do que uma ação de saúde. É um movimento de proteção coletiva, de cuidado com o futuro do país”, afirmou a ministra da Saúde na abertura da campanha.


O desafio dos municípios: transformar a mobilização em resultado

As prefeituras e secretarias municipais são as verdadeiras protagonistas da Campanha-D. São elas que conhecem o território, a realidade local e as famílias. No entanto, transformar uma campanha nacional em adesão real exige estratégia, comunicação eficiente e empatia.

A seguir, algumas ações comprovadas que ajudam os municípios a impulsionar resultados e aumentar coberturas vacinais.


1. Comunicação ativa e próxima das famílias

A desinformação ainda é uma das maiores barreiras à vacinação. Por isso, é fundamental adotar mensagens simples, positivas e locais. Em vez de apelos genéricos, campanhas eficazes personalizam o discurso: “Vacinar é proteger o pequeno João, a Maria, o Pedro da sua escola.”

Boas práticas de comunicação municipal:

  • Produzir vídeos curtos com profissionais e pais locais.

  • Utilizar rádios comunitárias e carros de som para avisar os dias de vacinação.

  • Criar hashtags regionais, como #VacinaSobral, #CampanhaDAracaju, #CuidarÉProteger.

  • Envolver escolas, igrejas e líderes comunitários como multiplicadores da mensagem.

Campanhas municipais com tom emocional, rostos familiares e informações práticas têm até 60% mais engajamento digital do que posts institucionais genéricos.


2. Vacinação em escolas e espaços públicos

A experiência de 2024 mostrou que vacinar em escolas, creches e praças é uma das estratégias mais eficazes para alcançar crianças e adolescentes. Quando o acesso é facilitado, as famílias participam com mais confiança.

Exemplo prático:

  • Em Feira de Santana (BA), a parceria entre a Secretaria de Saúde e a rede escolar permitiu vacinar mais de 12 mil alunos em 10 dias, elevando a cobertura vacinal em 18% em um único mês.

Essa integração entre educação e saúde transforma a vacinação em parte da rotina escolar e fortalece a confiança das famílias.


3. “Dia D” de mobilização e eventos comunitários

O Dia D, tradicionalmente realizado aos sábados, é o ponto alto da Campanha-D. Nesse dia, unidades de saúde, praças e escolas se transformam em polos de vacinação e celebração comunitária.

Para potencializar o impacto:

  • Organize feiras de saúde com atividades lúdicas, personagens e música.

  • Ofereça pequenas recompensas simbólicas, como certificados de “herói da vacinação”.

  • Promova a presença do Zé Gotinha — símbolo nacional de confiança — em eventos e fotos.

Essas ações fortalecem o vínculo emocional com a campanha e transformam o ato de vacinar em um momento positivo, especialmente para as crianças.

4. Tecnologia e dados a favor da saúde pública

Os municípios podem utilizar ferramentas digitais para monitorar resultados em tempo real. Aplicativos de registro vacinal e painéis de dados ajudam a identificar áreas de baixa cobertura, facilitando o planejamento de visitas domiciliares.

Dica técnica:

  • Use os agentes comunitários de saúde como ponte entre tecnologia e território. Eles podem atualizar cadastros, enviar lembretes e acompanhar famílias com doses pendentes.

Em São José dos Campos (SP), o uso de um painel digital integrado elevou em 22% a cobertura de vacinas atrasadas em apenas 60 dias.


5. Enfrentando a desinformação de frente

A internet, que muitas vezes espalha boatos, pode ser usada a favor da saúde pública. Canais municipais no Instagram, Facebook e WhatsApp são espaços valiosos para combater mitos e reforçar fatos.

Frases curtas e educativas, como:

  • “Vacina salva vidas, boato não!”

  • “Vacinar é um ato de amor e responsabilidade.”

  • “Toda dose conta — a proteção é de todos.”

Podem ser acompanhadas de infográficos, vídeos curtos e depoimentos de profissionais locais, gerando alto alcance orgânico e compartilhamento espontâneo.


Resultados esperados e legado da Campanha-D

Com a meta de vacinar mais de 18 milhões de crianças e adolescentes, a Campanha-D 2025 é uma oportunidade histórica de reconstruir a cultura da prevenção no Brasil.
Os resultados esperados incluem:

  • Reforço da imunidade coletiva em todo o território nacional;

  • Redução de surtos de sarampo e risco zero de poliomielite;

  • Aumento da confiança nas campanhas públicas e nos profissionais de saúde.

Além dos números, o maior legado será simbólico: reaproximar as famílias do Sistema Único de Saúde (SUS) e reafirmar o papel do município como protagonista da proteção à vida.


O poder das campanhas locais bem-feitas

Quando bem executadas, as campanhas municipais de vacinação se tornam exemplos de gestão eficiente e inspiração para outras cidades.
O sucesso depende menos de orçamento e mais de planejamento, empatia e criatividade.

O Zé Gotinha continua sendo o elo entre gerações — um símbolo de confiança que atravessa o tempo e reforça que a proteção de uma criança é a segurança de toda uma comunidade.


Conclusão: a vacinação é a melhor herança que um gestor pode deixar

A Campanha-D 2025 mostra que a saúde pública é construída com união, informação e ação local. Cada dose aplicada é um investimento em vidas salvas, escolas abertas e cidades mais seguras.

 

Prefeituras que abraçam essa missão não apenas cumprem uma meta — elas constroem legado e fortalecem o futuro do Brasil.